Como os looks de Beth Harmon contam a história de 'O Gambito da Rainha'
- Arthur Almeida
- 24 de nov. de 2020
- 3 min de leitura
A série da Netflix, que explora a identidade, o vício e o feminismo na década de 1960, vê o desempenho formidável de Anya Taylor-Joy combinado com um guarda-roupa engenhoso
A nova minissérie da Netflix já chegou quebrando recordes de audiência na plataforma, com mais de 65 milhões de telespectadores. Não obstante em ser um sucesso de audiência, a direção de Scott Frank também se compromete com um roteiro bem adaptado do livro 'O Gambito da Rainha' (1983), com uma fotografia impecável (reparem que, além do cabelo da protagonista, o laranja sempre estará na tela) e, sobretudo, figurinos que contam a jornada da personagem tão bem quanto o roteirista.

Quem assina todo o figurino dos sete episódios é Gabriele Binder, que faz o trabalho de nos transportar para os anos 60 e para as diferentes fases da vida de Beth Harmon, uma enxadrista prodígio que explora altos e baixos de sua vida pessoal, uma vez que a profissional é marcada apenas por altos. Para explorar melhor os figurinos que contam essa trajetória, a série ganha três contextos diferentes:
1° contexto
Com uma personalidade introvertida e genialidade fora do normal, a primeira fase da série retrata uma Elizabeth insegura quanto ao mundo no qual ela está inserida e deseperada por perfeição e prática no xadrez, prática essa que imprime bem a válvula de escape de seus fantasmas da infância.
Aqui, os casacos são escolhas recorrentes de uma jovem conhecendo seu novo mundo. As cores nunca serão vibrantes e todas as peças traçam caminhos que nos levam ao medo e insegurança. *destaque para a cena com o manequim, onde ela já começa a flertar com o mundo da moda e com a necessidade de se expressas por meio das roupas*
2° contexto
Com o passar dos anos ela ganha prática e reconhecimento internacional enquanto enxadrista. Os traumas ainda a perseguem e o vício em remédios acalmantes ganha ainda mais forma no álcool e cigarro. O astral vivo dos anos 60 fica de lado quando a ascensão e queda da talentosa menina se torna notícia em diversos países e ela se vê refém de si mesma. A perda ganha um novo sentido para Beth (sem spoilers) e toda aclamação e assédio do público já não preenchem seu vazio.
Mesmo em meio ao tempo sombrio de solidão da norte-americana viajando o mundo e sofrimento com seus demônios, ela encontra pessoas das quais ela gosta e sente empatia, o que abre espaço par um guarda-roupas mais despojado e que mostra um lado fofo e vulnerável da dama de ferro. *destaque para o delineado de maquiagem twiggy (clássica dos anos 60 e 70), em uma tentativa de esconder olheiras que escancaram as portas do entendimento de que ela precisava de ajuda e força*
3° contexto
Depois do clímax do roteiro passar e a personagem sair de sua maior imersão nos vícios, ela ganha confiança e propósito. O último passo para a evolução dos figurinos, que crescem com a personagem, é o reconhecimento de si mesma no olho da tempestade. Um torneio de âmbito mundial, pessoas que a amam e auto-afirmação não impedem Beth de ter seus fantasmas, mas ajudam a personagem a se encontrar e lidar com suas fraquezas.
A maestria dela com o xadrez transparece de maneira clara nos looks do último ato. Sua confiança e equilíbrio emocional ganham vida em cores mais leves e peças sofisticadas, dignas de uma campeã mundial. *destaque para o look todo em branco, o qual ela usa na Rússia, se apresentando como a personificação da rainha branca do xadrez.*
E vocês, já assistiram a minissérie? O que acharam?
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